sexta-feira, setembro 03, 2010

NAVE FUTURISTA (A CIDADE AO ATRAVESSAR-ME NA DOR E NO PRAZER LEVA-ME SOB AS NEBLINAS AO...

...LAGO nascido na cratera do vulcão. Cercado por buritis e latas lodosas de cervejas e refrigerantes espalhadas nos resíduos de antigo mar espero com os pés nas águas as espaçonaves. Degrado nos reflexos molhados os outdoors de néon.
Surgem no asfalto da rodovia perpendicular os faróis das estrelas impregnadas de destinos. A astronave sobrevoa as erosões da paciência. E como não existe mais a espera ardo na sua invisibilidade a falta que sinto das mãos dos vôos quando retiram as âncoras do ar.
As neblinas perfuram com diamantes e cristais as trajetórias construindo nos tijolos as janelas, arrepios do corpo no lago das transparências.
A nave futurista mergulha nos objetivos das partidas. Os ônibus urbanos vistos das águas sobrevoam o infinito. Avisto a cidade e os anúncios publicitários perdidos nos topos dos prédios.
A dor e o prazer mergulham nas transparências no poético incisar de cordas e voar).

O BERRO (BERRARAM O NOME DO ZELADOR DO...

...LAGO no centro do bar. Encaro os olhos de quem me olha na mesa do bar. O silêncio se esquiva do nome na psicofonia em alto-falantes.
A voz existe no berro a triunfar as memórias e as vivências. Quem me olha não execra a continuidade do olhar. Sonda nas mãos a existência do apego.
Quem berra desaparece na noite. O bar edifica no espírito da solidão alegorias de encontros. Os gritos são submissos aos labirintos, que são inimigos das emoções, que experimentam viagens de idas e voltas às ilhas dos oceanos distantes.
Berraram o nome do zelador do lago na ilusão do amor. Não há beijos dissonantes, abraços desmembrados, esperanças diluídas.
Do bar da ilusão à realidade, indubitável é a passagem da vida, voz e poesia na maioridade do coração).

AS REFERÊNCIAS DAS CAÇADAS (DETRÁS PARA FRENTE AS LUZES VERMELHAS SE ACENDEM NO...

...LAGO. Se mergulho nas diferenças das letras, lâmpadas, cores, faço da fé a força das procuras que são contrastes das referências das lágrimas revolucionárias com os meus negócios das aniquilações tímidas.
Mergulho as mãos nos safaris dos sentimentos.
A vida é intermediária entre a vida e a alma dos mortos ou é a morte intermediária entre a morte e a alma dos vivos?
Detrás para frente o amor me possui ardente na extensão da selva. As feras, ao perceberem as minhas miras, rugem os primeiros pedidos e ferem as minhas mãos).

quarta-feira, setembro 01, 2010

PREDILEÇÃO (SENTADAS EM SORRISOS AS MULHERES CONVERSAM SOBRE ALMAS,...

...PEDRAS e fazem os prazeres parecentes com as direções do tempo.
De todas as mulheres, apenas uma mulher tem os olhos vazados pela poesia. Somente ela usa aliança de prata na memória. Apenas uma mulher necessita sem pudores da entrega total do coração aos caminhos dos acasos.
As mãos de apenas uma mulher me encontram nas criações dos beijos. A noite se torna a catedral dos suspiros, castiçais dos fogos das carnes.
As vozes em vias límpidas constroem sobre os sorrisos do lago mais de mil pontes até os olhos da noite, que de todas as mulheres é a mulher que mais cintila nas torres dos meus cata-ventos).

O POETA E A CANTORA (NÃO FOI COISA-FEITA DE...

...PEDRAS de lua que mergulharam em suores de estrelas quando encontrei o poeta de bigodes, magro e vermelho, absorto e palpável, com sonhos lilases no balcão de mármore do botequim Pretérito Perfeito.
Devolvi-lhe os olhares em troca de palavras e cores. O poeta resplandeceu e me ouviu:
- Conheci uma cantora que habitou por muitas noites nas teclas do piano. -disse-lhe assim que terminei a primeira talagada de cachaça.
O mundo, disposto entre nós, se abriu feito canavial quando abracei, sem despedidas, os caminhos do poeta. Mais uma dose de cachaça, um tira-gosto oportuno e recebi das mãos sem lenços e acenos do ser poético flores brancas e amarelas. Ofereceu-me também as ondas do seu Campari.
O poeta não foi Bob Dylan.
A cantora não foi Janis Joplin.
Os olhos não morreram de medo e...continuamos a beber).

INTERPRETAÇÃO (OS ESPELHOS CONDUZEM NAS...

...PEDRAS as mãos dos atores ao coração dos nascimentos dos personagens.
As flores são ideias quando a arte nos engravida.
Político, o teatro escancara compromissos nas estéticas, nos abstratos, nas denúncias, nos reflexos das realidades.
Às noites somam-se os silêncios nas rotundas dos passos. Os resultados das preparações, construções e criações se preenchem com memórias, emoções, afetos, alegrias.
As esquinas são tablados móveis em jardins de marcações. Os atores declaram paixão à voz, aos movimentos. Fitam o infinito, pisam no palco, abrem os gestos, acendem as luzes).

segunda-feira, agosto 30, 2010

BLECAUTE (AS LÂMPADAS ME ILUMINAM NAS...

...PENUMBRAS que me envolvem. A silhueta contorna os desenhos do tempo no corpo. A vida se dispõe aos elásticos dos suspensórios. Os objetivos se chocam com os desastres dos desencontros.
As lâmpadas se apagam sob as escuridões do mundo. Iluminam as metamorfoses dos anjos profanos.
Nas ruas restam bares nos rituais dos foragidos. A espera, quando não se cansa, é inspiração do tédio. Assim nas esquinas das cidades homens se transformam em postes.
As lâmpadas acesas atraem insetos que não sabem voar e se ferem com as luzes.
Os desastres perambulam sobre os postes contorcidos. Os insetos não renunciam aos postes nem às lâmpadas mesmo quando a noite propõe Campari, valsas e beijos de língua no cu das desolações).

TRANSAÇÃO (NÃO ME RECUSO A ENTRAR NOS QUARTOS DAS...

...PENUMBRAS, amantes das noites, quando necessito das rendas existentes nas disponibilidades dos véus.
Ícones religiosos, rachaduras e assepsias são espelhos pintados de roques. Pedras formam os túneis nas paredes. Os quartos se perdem nos labirintos das mantilhas que despem as mulheres nas criatividades das mãos.
As amantes das noites são poesias lésbicas transando sobre meu caralho quando escrevo os versos nas sombras dos cacos dos espelhos).

SEDE ETERNA (AS ÁGUAS INUNDAM AS PERNAS NAUFRAGANDO-ME NAS...

...PENUMBRAS do mar dos abraços. As águas das cores retintas do mundo surgem nos gestos - olha só quem em salva - da minha melhor amiga.
Os nascimentos nos aproximam das noites.
Do outro lado do mundo as mortes nos preenchem de trevas.
As águas das cores nascentes espalham nos abrigos a limpidez dos afetos. As portas molhadas se abrem nas paisagens dos corpos.
As madrugadas fora dos braços da minha melhor amiga me conduzem aos cemitérios das manhãs.
Os abraços me tatuam nas águas.
Os nascimentos se comemoram com lágrimas.
As trevas se vasculham com sorrisos. Olham diabólicas as faces e as foices refletidas nas serenidades do lago).

domingo, agosto 29, 2010

O TREM DE FERRO (A FERROVIA QUE ATRAVESSA...

...MINAS GERAIS se afastou dos simbolismos do aço e em grande distância me levou ao Uruguai, Paraguai, Argentina e Chile. Ou foi à Bolívia, Peru, Equador e Colômbia? Mas pode ter sido a Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname!
Nesta viagem à América do Sul não fui só. Acompanhou-me as memórias e os sonhos dos artistas que tocaram e cantaram músicas e versos nas vivências das paixões, ideologias e sangues.
Os medos me cortaram no momento da expatriação.
Tempos depois, nos inícios dos funerais dos ditadores, a esperança e a coragem retornaram do exílio em anistias amplas, gerais e irrestritas.
As estradas sob o trem de ferro despontaram nas lutas e nas ideias dos abraços nos passos da liberdade ainda que tardia.

No Uruguai túmulos e ecos gritaram por liberdade. No Paraguai a unidade e a igualdade despertaram a ira dos infelizes. Na Argentina dancei as glórias do tango e respirei repressão. No Chile o céu azulado lutou contra a opressão.
Na Bolívia o povo plantou clamores de paz e união. No Peru os olhos se elevaram ao sol. No Equador caminhei ao lado das audácias ibéricas. Na Colômbia mergulhei no Rio Orinoco ao lado das almas invencíveis.
Na Venezuela o povo virtuoso sacudiu o jugo. Na Guiana a mãe dos rios e planícies é a terra dos seis povos. Na Guiana Francesa caminhei ao lado dos batalhões orgulhosos. E no Suriname Deus elevou a terra da vida.
Nos bares da América enfrentei as solidões refazendo-me nos trens dos corações).

LACTAÇÃO (OS VINHOS TOMARAM O CORPO DAS CACHOEIRAS DE...

...MINAS GERAIS quando a mulher que eu desejava disse às pedras que me amava. Minhas mãos se multiplicaram. O corpo da mulher se abriu nas arquiteturas dos gestos. Movimentos nas circunstâncias das uvas.
Os vinhos tomaram os beijos das cachoeiras e em êxtase escrevi na origem da formação da aurora: a mulher se banhava com o leite que se derramava dos seios da noite).

CLEILUC SOARES CASTRO (LEVEI O MEU CORPO ÀS MONTANHAS DE...

...MINAS GERAIS e aos aprendizados das danças.
Quando flutuei de olhos fechados, sons e magias, aportei nas saudades do cais sem cais do coração.
Conduzi forças, suores, tormentas, músicas, rodas, giros, poemas, beijos e a mulher que pelos olhos da raça me ensinou as travessias dos sonhos e a acariciar a volúpia das flores.
O salto foi a fé, dor e alegria nos ensinamentos de Cleiluc).

sexta-feira, agosto 27, 2010

CIRANDA DE ESPANTOS (ESPANTO-ME COM TANTA SAUDADE DOS...

...PASSOS antes da morte. Os mortos não servem para nada. Recebem momentos desequilibrados, prédicas extensas, poemas narrativos, flores sem destinos.
Espanto-me com tantas insônias antes da morte. Os obstáculos ruem sobre a terra. Fazem trovoar no inferno. As janelas cuidam das profecias com o máximo cuidado. Os antepassados saem dos fundos dos silêncios. As tropas dos anjos selênicos lutam com os tempos sob o chão.
Espanto-me com a morte antes da morte em confessionários instalados de supetão no destino. O sangue vive, escorre, lava e mata.
A morte me espanta porque os mortos querem fugir dos bailes no peito dos espantos).

TÊNIS TATUADO (OS LIMITES CERCAM O ÍNTIMO DOS...

...PASSOS, prolongamentos da noite. As andanças me fazem escapar dos cercos. Sob as estrelas excitam paciências e tempestuosidades. Prolongo os desejos invadindo as fronteiras do proibido.
Elástico me aproximo dos reversos solitários. Sem olhar para trás continuo a andar. Separo-me da cidade.
Os limites vigiam alguns trechos da estrada. Certamente querem me impedir de ver, revelar, traduzir...
As sujeiras sempre tentarão ludibriar as purezas?
Sete palmos de dúvidas cobrem o trajeto da noite quando as estrelas tatuam meu tênis com água).

PERMANENTE CONTINUIDADE (DESCOORDENANDO AS DISTÂNCIAS OS...

...PASSOS também pousam nos lábios. Por outro lado, advindos dos abraços os pássaros trazem a noite.
E no tempo de caminhar torno-me aventureiro ao buscar a voz do vento que me beija.
Nas praças surgem os encontros e o retorno das necessidades de estar com a noite, tecer jardins, desejos e labirintos.
Quando se tem na garganta palavras com probabilidades de estrelas o regresso não se parece com preces, fantasmas, correntes.
Fico porque te amo.
A noite me faz pensar segredos.
Beija-me cálida no peito.
Sem suspeitar do meu idílio por ela, a noite me amanhece sobre o corpo alado da voz.
O vento ao regozijar a aurora nas harpas do amanhecimento executa o Bolero de Ravel).

quarta-feira, agosto 25, 2010

BRINDOU (NAS GRADES DO DESTERRO QUE ME PRENDERAM SUAVIZEI O...

...EXÍLIO quando as mãos das promessas abriram os portões deixando a noite entrar na cela.
Persisti na batalha da fuga, no retorno ao meu lugar de origem.
As promessas atraíram corpos. As mãos vindas das noites viajaram nos continentes dos prazeres.
Meu banimento se encontrou com o degredo das promessas, das lágrimas, das melancolias.
Expatriado preenchi lacunas com estrelas sem céu. Esvaziei o medo dos olhos das promessas. A semiescuridão fortaleceu as coragens. Os ratos me olharam à espera dos milagres.
As mãos libertaram as promessas e fecharam as grades. Regeram sinfonias para o espírito da noite e cantaram canções de protestos para os algozes.
O exílio bebeu em cálices de eternidade as feições da luz).

SUBSTÂNCIA (A NOITE NÃO PRECISOU SER PROCURADA NO...

...EXÍLIO, nos becos dos delírios, nos adjetivos das linguagens.
A noite aconteceu quando a flor viveu, estado de espírito, nas oferendas.
Contradisse o solo seco e ofereci crisântemos, que não suportam solo seco, à boca da noite.
Na hora do beijo a noite teceu no lençol estrelas da solidão.
A noite renegou a hipocondria porque ao amanhecer as mãos estavam entrelaçadas às mãos de quem não era amante, amiga, namorada, mãe, esposa, confidente, fada ou prostituta.
Era a substância da natureza da liberdade, essência no corpo da beleza).

PERFUME (ABRO A PORTA DA CASA DO...

...EXÍLIO e não sinto os gritos do mundo. Converso sussurros com os outros sussurros que desembocam nos sussurros da vida.
Da ausência dos gritos vem o perfume em raras palavras. Vêm melodias nos acenos dos adeuses.
O silêncio desocupa as paredes e, no meio da sala, penetra-me com a verdadeira imagem da noite.
Fazendo-me livre os sussurros se multiplicam no fantasma do sono.
Das pálpebras nasce a escuridão.
O perfume ainda me cheira no corpo).

segunda-feira, agosto 23, 2010

PLACA (NA CABEÇA A PLACA ENTOPE A TUBULAÇÃO DAS LEMBRANÇAS DO...

...SANGUE. Delira nas viagens escuras dos últimos pensamentos das vidas.
Esqueço a criança que fui nas confluências da adolescência. Perco no silêncio os beijos.
A placa me torna solidão surrealista.
Ignoro o que escrevo como se escrever fosse uma noite aguardadora dos brilhos das estrelas desaparecidas nas palmas das mãos.
Estou nas frentes de batalhas, nos abusos das escuridões, perdido, sem mapas, astrolábios, bússolas a inventar emoções.
Na cabeça a lágrima lava a tubulação das lembranças do sol. Delira nas viagens sombrias dos últimos momentos das vidas).

SORVETERIA NOTURNA (A NOITE CONGELA NO...

...SANGUE as escuridões dos traumas nos sabores do calor. Os gestos do amor tem níveis de derretimentos circulares.
A noite me faz girar. Exige emoções das trevas do peito. Contradições e amor se unem nas consistências de neve na deteriorização do menosprezo.
Os traumas se excitam quando lambem sorvetes de lágrimas).

FÁBRICA (PODERIA MISTURAR ÀS DOSES DE UÍSQUE O MALTE DO...

...SANGUE e avançar nos impulsos do pileque.
Permaneço de mãos expostas a receber nos lábios os desabrigados dos beijos.
Poderia duvidar dos trajetos dos passos. Retroceder os pés nas avenidas. Adormecer no medo implantado nas dúvidas.
Poderia desistir do plano de ir até ao fundo do lago e recolher poemas no retorno à superfície.
Fabrico mergulhos poéticos, quadros de amores, viagens teatrais, luvas de pelicas, máscaras para mergulhadores que confundo com faroletes traseiros de motos, toalhas paradisíacas).

domingo, agosto 22, 2010

PERIGO (AS DISTÂNCIAS NÃO SE PREENCHEM COM AS...

...ESTRADAS. Quando as raivas se misturam com os desprezos a distância amplia impossibilidades no coração.
Mesmo próximo das armas evito disparar em espaços alheios. Ao ser invadido, o sangue fervilha nos caldeirões os venenos do mundo.
Sento-me distante das mesas de intenções disparatadas. Uso farol alto sob a neblina de mão única e sem tempo para as primaveras.
A distância não se reduz nada do lado de fora dos abraços. Quando os sorrisos se tornam apenas amontoados de bigodes e trêmulos batons nada resta a fazer senão impedir com despedidas os triunfos dos demônios abjetos).

CÍRCULOS (FICO COMENDO CÍRCULOS QUANDO OBSERVO NAS...

...ESTRADAS as paisagens da vida. Mastigo o tempo e os rodopios nas repetências das sensações.
Os círculos atropelam os lances daa vistas com as incapacidades digestivas de recriar no tempo as pedras da vida. As paisagens ardem nos incêndios das destruições.
Fogos nas estradas e a roupa e a nudez se sujam com as fumaçadas das repetições. Fico sorrindo impossibilidades quando mastigo nos círculos as flores úmidas dos desertos das madrugadas).

BAILES (DESCUBRO COREOGRAFIAS NOS PALCOS DAS...

...ESTRADAS onde beijo os lábios das noites, destinos prendedores das minhas mãos às mãos das dançarinas de salões.
Quando as músicas viajam lentas faço confissões ao pé do ouvido nos tempos dos compassos. Sem os pântanos dos dias xumbrego as mulheres dançadeiras.
Os bailes nas estradas me levam de mulher a mulher aos rodopios dos vestidos de chita, renda e fustão que penetram nas coreografias descobertas nas pistas vermelhas das danças).

sexta-feira, agosto 20, 2010

VENTO DE TODOS OS LADOS (AO ME LEVAR AO CHÃO O VENTO...

...ESCREVE lembranças no corpo de onde retiro cálidos sussurros.
Quando o vento chega os corpos voam nos universos das mãos.
As cidades desaparecem dos reflexos do lago. As montanhas partem o vento que atravessa cordilheiras e países.
Escuto os sibilos das mensagens dos reis, gnomos e poetas, espíritos que repousam no vento. Das cidades desaparecidas vem os barulhos dos últimos copos quebrados nos bares.
Sobrevivo nas poéticas dos ardentes sussurros. Destelham casas, elevam pós. arrancam as árvores das mãos.
Desejo me levantar do chão e semear no vento o sêmen do grito.
Ereto ouço os sons do prazer passarem para dentro da boca da ventania).

NOITE SEM LUA (O CÉU MOLHA A AVENIDA DE ESTRELAS E...

...ESCREVE à eternidade palavras próximas e distantes da vida e da morte.
Sem carro, navio ou avião vejo a avenida umedecer com brilhos partidos as pegadas das contemplações abandonadas.
Busco surrealismos com as mãos nas sombras da noite sem lua. Os movimentos e poemas que tento relembrar, tão cedo ainda, continuam nas recordações das amarras da paixão.
A avenida, solidão que se escorrega na pele, permite-me retirar da cabeça o chapéu ao passar nas palavras escritas o funeral do meu amor).

TENTAÇÕES EXCESSIVAS A SI MESMO (EU VOU TENTAR LÁ EM CIMA ACOMPANHAR O QUARTO QUE...

...ESCREVE à sala do próprio ego enquanto se serve do cigarro que a beleza da vida oferece à madrugada.
Lá em cima fantasmas viram efeitos especiais no ar acabado da televisão, meu anjo da guarda se transforma em bailarino entorpecido.
Lá em cima eu vou tentar gravar na memória o perfume das flores, a estridência das sirenes.
Lá em cima eu vou tentar beijar o príncipe dos contos de fadas, trepar com a minha própria imagem enfeitada por vaidades.
Lá em cima eu vou tentar me olhar nas águas do lago, apanhar no espelho o cinzeiro do Narciso de vidro).

quarta-feira, agosto 18, 2010

A FOSSA É MAIS LARGA QUE O FUNDO (OS CABELOS FICAM MOLHADOS COMO OS OLHOS NA...


...MÚSICA e vida das nascentes das águas. Derramo as lágrimas nos cálices azuis da madrugada.
A chuva, castelo dos ventos, encharca os cabelos que crescem na rapidez dos amores e relâmpagos.
Não me procurem nos partidos políticos ou nos comitês eleitorais. Estou no bar.
Ao meu lado, a mulher faz dos vulcões os prazeres, as pontes levadiças dos ventos. Meus cabelos - ouço a voz lilás de Djavan - ficam secos com as ventanias.
Transformadas pelo próximo pôr-do-sol em shampoo da Revlon derramo nos frascos das dores as lágrimas dos perdões).

DESERTO (O DESERTO É DEVASSO QUANDO A...

...MÚSICA se entrega ao ritmo das palavras. Miragens trazem as águas do infinito. Refutam as sedes dependuradas nas porradas e nos oásis que o coração sente.
Proclamo califas solitários que buscam princesas nas putas do ar enquanto estendo a mágica do tapete no colo da angústia.
A música do deserto é rápida e retorna às dunas quando se ausenta das palavras).

ANSIEDADE (PARA A RUA MAIS DISTANTE DA CIDADE CORREM A...

...MÚSICA e os pedaços dos passos. Vão fazer e depois sentir a noite mais solitária de todas.
A rua mais distante da cidade paraleliza os caminhos aos receios.
Ardente ainda aguardo o telefone tocar, a porta se abrir, a carta chegar).

segunda-feira, agosto 16, 2010

O OUTRO MENINO (CALADO A ME OLHAR, O OUTRO MENINO POUSA NO...

...QUARTO como se a vida fosse uma história recomeçada.
O outro menino me lembra o tempo em que eu ficava a admirar, com a minha cabeça cheia de perguntas, os óculos do meu tio que morava em São Paulo.
Sentia vontade de crescer rápido. Ficar gordo e simpático igual à amante do meu outro tio que nunca foi a São Paulo, mas falava o tempo inteiro em ir tentar a sorte no Rio de Janeiro.
O outro menino traz a noite, os gestos. Quando a lâmpada do quarto se apaga, sono que chega, vejo em forma de nuvens os meus sapatos Vulcabrás, os suspensórios do uniforme escolar e o futuro tatuado na outra solidão, a mais bonita do passado).

CIRCO DE ESPELHO (NOITE É TER UMA JANELA NO...

...QUARTO com vista para os ventos.
Enquanto os trapezistas ensaiam mergulhos no espaço os palhaços fazem sorrir a criança. Transformam objetos em símbolos da eternidade, bonecos de papel machê em astronautas.
Noite é ter um circo a se perder de vista na intensidade do sonho. As mãos sabem porque vieram mágicas desenhar a lua. Acariciam os pássaros ao redor dos planetas.
Quando a noite se finda o sol renasce do outro lado da criação das metamorfoses do tempo).

CORRENTEZAS (AO SENTIR NO...

...QUARTO a presença do silêncio originário do fim da guerra retiro a roupa do corpo e me mostro às palavras.
As lutas fazem o mundo se aproximar das correntezas que levam para muito longe os crescimentos e as compreensões. Imbatíveis ficam os desajustes humanos.
O sangue se machuca. Corte profundo. Gritos ocasionados pelas armas atômicas, ceifadoras das gêneses das palavras a cada instante das vitórias das correntezas).

domingo, agosto 15, 2010

CAIXA PEQUENININHA DE MADEIRA CLARA (A INSÔNIA SE INICIA NA...


...RAPIDEZ do tempo perseguidor. Estou acordado nas muitas léguas antes de dormir. Observo os ônibus em intervalos disformes, as bancas de jornais em revistas eróticas, as pizzarias em motocicletas de orégano, as broas de fubá em vitrinas das padarias ininterruptas. Penso até em acenar para os táxis na noite em que a insônia resolver fugir da dificuldade que tenho para dormir.
Observo os astros em botecos distantes. Danço com as estrelas a melodia dos ventos das periferias.
Oscilo, sangro, ultrapasso eu zumbi e antes dos acordes do tempo, velocíssimo enxergo o mundo dentro de uma caixa pequenininha feita de madeira clara).

QUEDA MOLHADA (AOS PRECIPÍCIOS MAIS ÁRDUOS DOS ACONTECIMENTOS JUNTO-ME À...

...RAPIDEZ de quem está preparado para conhecer o outro lado do amor: a face sem poesia, a dívida do sonho no futuro. Avanço ao fundo do lago. Perco as flores nas pedras do despenhadeiro.
O amor que se enclausura nos porões mofados da existência conta-me segredos da mulher que passa veloz sob a janela. Os segredos, quando a queda nas pedras é infinita, transformam-me em espumas).

BALANÇA (PASSAM NO MEU PESO OS PEDAÇOS DA...

...RAPIDEZ de tudo aquilo que sempre pousou em mim: o amor em refração na luz do minuto, o balcão do inesperado, a virilha dilatada, a presença dos amigos, personagens de cinema, nos períodos de abstraimentos).

sexta-feira, agosto 13, 2010

NOITE BOMBARDEADA (ESTOU PREDESTINADO A RETORNAR ÀS...


...CONTRADIÇÕES que o coração do tempo leva aos mergulhos da noite. Quando a lua e o relógio explodem no fundo do lago flutuam na superfície as ventanias que derrubam os alicerces das estrelas.
As estrelas descem às águas do futuro que navega no presente. A explosão das bombas torna soberana a cicatriz do passado.
Noites e mergulhos, planetas povoados por imaginários reais na duração de um momento feliz).

MIRAGEM (SIMILAR AOS BARCOS DAS...

...CONTRADIÇÕES que aportam nas manhãs retiro do cerne da oposição a realidade do país que borra de dores o lago.
Os últimos barcos, vistos pelos cacos do espelho, surgem no horizonte.
Decifro o cais no convés superior, tombadilho à popa da paisagem ilusória do lago. Sinto nas palavras a inexistência do mar. Nas ações sinto a miragem dos desertos).

ÂNCORAS (A NOITE SE ACOPLA NA PELE DAS...

...CONTRADIÇÕES e confessa aos desejos da espaçonave a vontade de me levar aos quatro ventos.
Permaneço por enquanto à mercê das estrelas fixas sobre o cais.
O lago não me leva da noite. Bebo aos poucos os reflexos das outras âncoras lançadas no ar que fizeram das águas a metamorfose dos cálices).

quarta-feira, agosto 11, 2010

JUSTAPOSIÇÕES (PARECE QUE IREI DORMIR SEM SOLICITAR LICENÇA À...

...CASA DA NOITE. Muito porcamente escovarei os dentes.
Atribuo o mal-estar às inconveniências dos cansaços.
Desço as escadas. Com as pálpebras em desalinho volto a falar ao telefone movido por um amor disperso nas ilhas submersas da felicidade.
Assim o sono me justaporá...também.
Desligo o telefone. Sem correr subo as escadas de mãos nas mãos do destino que me submete à solidão. Coloca-me em ampulhetas e crateras.
Quando os meus cansaços grunhiram foi sabido, de certa forma, que não encontrei no relicário do banheiro os tubos de dentifrícios).

ORAÇÕES (AO FORTALECER A ESPIRITUALIDADE DA...

...CASA DA NOITE convivo com portas e coragens nas procissões das horas, silhuetas de móveis que adormecem enquanto meus passos se aquietam à procura dos sonhos. Em gavetas encontro cartas perfumadas com suicídios.
Ao sentir a solidão trepar com os espelhos apago as luzes.
A brasa do cigarro determina o epílogo das rezas).

MISTÉRIO (POR QUE SERÁ QUE O TEMPO ME CONDENOU A TENTAR ESQUECER A...

...CASA DA NOITE?
Projetei nas paredes memórias de sombras exaustas. Fui ao limite dos esforços. Retirei das lembranças noites alegres, outras noites consternadas e pedidos de amor.
Será que os bailarinos misericordiosos ao enigma dançaram com perfeição ou enganaram o tempo com movimentos mentirosos?
Hoje, tanto tempo depois, não apresento no corpo pegadas de areias, asfaltos de matagais, terras vítreas, açúcares salinos, vidros de adubos, sais de méis e registros disformes de estrelas perplexas).

segunda-feira, agosto 09, 2010

RECLUSÃO GRIPADA (ARRANHA-SE A GARGANTA EM MASOQUISMO. ANGUSTIADA, A...

...BOCA se assusta com o bater das portas nas pedras. Rajadas de vento visitam os estertores da garganta. O corpo, quando chega pela janela o cheiro dos jantares dos moribundos mais jovens, amolece sobre o desenho do chão nas sombras.
Os pés coçam a nuca. As mãos balançam noturnas sobre o piano de Fryderyk Franciszek Chopin. De repente os ouvidos são invadidos pelas risadas pink floydianas dos portões. As pedras sobrevoam as portas do túnel corroído da garganta.
Deitam-se os espirros nas sombras a injuriar os pães amanhecidos nas sopas.
O mais velho esfomeado desabotoa o casaco do pijama enchendo-se de rugidos, antibióticos, anti-inflamatórios e éteres).

LIMITE (DERRAMO PEDIDOS DE LUCIDEZ AO APERTAR A...

...BOCA nos dentes dos mínimos segundos que faltam para o término do sono. Deslizo sobre delírios efêmeros. A morte me chama em voz alta de crepúsculo.
Ainda me dominam as horas vespertinas, relógio perdido no tempo. Adormecem de maneira ingrata os diálogos dos sorrisos com os sonhos).

GRADES (TENHO A COMPANHIA DA MELANCOLIA QUE SE DEITA SOBRE A...

...BOCA da dúvida que espera receber na plenitude da madrugada a visita de uma carta vinda de um parente mais próximo.
Abro a cela de cortinas. Digo meu amor aos ouvidos da languidez, tristeza indefinida. Aperto as mãos no domingo que foi embora.
Na cama me cubro de alucinações.
Do tempo assinalado na parede da cela chegam beijos marcados de grades e organdi).

domingo, agosto 08, 2010

BELELÉU (OS TÁXIS DESAPARECEM DA AVENIDA DAS...


...PROMESSAS.Também somem os espaços, os telefonemas apaixonados nos subúrbios da noite.
Esquivam-se as mulheres movidas por incessante respirar de passos quando descem a rua em obras.
Oculta-se a madrugada, prolongamento das companhias irrecusáveis.
Falecem as fortalezas dos intrépidos nômades nas formas das estradas.
Afundam no sangue as carnes dos açougues.
Os animais e os pássaros fogem das florestas e bosques.
Os berros dos prazeres se afundam no ciclone de pedra e se perdem no peito.
As memórias bebem cálices de descaminhos.
O tempo passa férias no eterno escondido.
Extinguem-se a lucidez da hora certa e a loucura da paixão.
Sonhos, sorrisos, afinidades são enviados ao país do beleléu).

MINHAS HISTÓRIAS (OS RESTOS DAS HISTÓRIAS SÃO...

...PROMESSAS de sangue, lágrimas cortantes, chocolates brancos. Estão nos olhos e na boca do tempo em estado de choque, catatônico. Imagina rejeições. Excitado restringe os amores em geral. Estereotipado reprime as línguas.
Os restos das histórias são agonizantes criaturas nos leitos das melancolias complexadas, fantasiadas de bailes mudos nos corações das feridas.
Os restos das histórias andam ao contrário nas ruas das tristezas. Pulam sobre as paredes como as sombras dos atletas nas olimpíadas.
Não há sons nos restos das histórias).

EFEITOS ESPECIAIS DA FALTA (ULTRAPASSAM A DOR DAS...

...PROMESSAS da permanência que atinge a felicidade de se sentir triste porque a falta que sinto não se localiza nas previsões do passado.
A falta que me dói o sono vem do sorriso, lágrimas, perfume da mulher que me beija com a boca dos adeuses.
A falta me faz profeta, cigano. Muito mais do que nunca crio do sempre a ilusão. Nada me resta além dos delírios, sons, tosses).

sexta-feira, agosto 06, 2010

PROFECIAS DELIRANTES (ESCUTAREI OS MOVIMENTOS DAS ESTRELAS NA...

...PORTA do sol. Verei o sol colorir as visões das noites. Executarei nas barbas de Deus as últimas profecias que o amor me fez escrever nos olhos de papel.
A solidão das metamorfoses abominará intrusos, egoísmos, escravos. Os sons farão pousadas nos corações e chamarão nos silêncios os nomes das mulheres.
Ouvirei as sombras gritantes, os estômagos soltadores de grunhidos, os miados dos gatos nos muros.
Deus misterioso tecerá o desconhecido e os telefones berrarão).

BONÉ DE LÃ (A NOITE É O TEMPO E A...

...PORTA para o poeta. Mastigo pedaços de queijo derretido na chapa do passado. Faço compotas de gelatinas quando choro. A noite desfila nas passarelas dos instantes. Parto assim que as memórias surgem no boné de lã do irremediável futuro.
Sigo os rumos dos passos alegres mesmo em companhia dos soluços do amor.
Sorrio às vitrinas, aos muros descuidados, aos pivetes da fome, à noite que faz ternura dos brinquedos tristes.
Quando os sorrisos me invadem o passado nas cores do lago me oferece chope).

A CHAVE (O SEXO SE ABRE NA...

...PORTA com uma chave esquecida na pressa do homem em iludir determinados amores.
O primeiro movimento da chave é encontro que pede silêncio.
A última volta da chave localiza os lábios das palavras que se remexem na fluidez da amante).

quarta-feira, agosto 04, 2010

VIDA ALEIJADINHA (O ESPAÇO DOS TEMORES NA VIDA DEFORMADA ENGOLE AS...

...TRAJETÓRIAS devorando pedras e equilíbrios em um banquete barroco. Entalho nas cordas as palavras que me enforcam. De cinzel e martelo amarrados nos punhos mergulho com as esculturas das contradições em busca das imagens do fundo do lago.
Os versos do frontispício do mundo em algum dia ou noite ficaram coxos. Os restos dos retábulos me acompanham ajoelhados no chão enquanto o ar se comprime nos meus lábios e assobio uma canção.
Aos meus lados ficam ornatos, púlpitos, altares, sacristias, chafarizes, marcas da carpintaria do tempo nas madrugadas.
Os ventos esticam as cordas atravessadoras do coração. Procuro a arte nos limites, os sonhos nas fantasias.
Sinto os passos se preencherem com alívios esotéricos).

EUCARISTIA (BEBO O CÁLICE DE VINHO E COMO PÃO DE SEMOLINA QUANDO PASSO AS...

...TRAJETÓRIAS na tinta e no tempo da vida publicada. Escorrem na garganta fios de sangue e trigo a doer na solidão dos gritos.
Nos braços carrego páginas escritas no vinho e no pão, rituais de aproximações, vidas em madrugadas de confluências. Os desnudamentos são sinceros, profundos. Nos olhares goles de febre e a vida me vive amante do cio.
Guardo nas malas de couro exemplares do tempo, nuvens e registros.
Deixo os lábios nas uvas, o trigo e a sêmola nos lábios. Beijo as despedidas sem saudades do tempo. O amor prepara as viagens da vida nos princípios das comunhões.

ESCAVAÇÕES (A VONTADE DE SEGURAR AS...

...TRAJETÓRIAS dos vampiros é encontrar vozes nas convergências entre desejos e mistérios.
Os vampiros percorrem os caminhos dos filmes. As mãos acumulam anseios ao atravessar as rugas das almofadas. Reviro no chão as procuras. As vozes fazem dos medos as esperas e me atiram nos quartos dos pensamentos.
A televisão engole os vampiros. O brilho, contraste e a temperatura da cor atingem a face dos travesseiros como se eu me deitasse com um filme de terror. Aquieto-me sob mistérios quando sinto o gosto dos desejos da fumaça do cigarro.
Nas fronteiras do real com o imaginário me aproximo das vozes com moedas de ouro e um cálice de vinho.
Os fantasmas das minhas múmias acordam. Fixam os dentes dos vampiros no meu pescoço).

segunda-feira, agosto 02, 2010

FILME DE TERROR (NO FUNDO INTEIRO DA TRISTEZA A...

...ORAÇÃO é calada. Assiste televisão na magnificência do altar durante os movimentos dos canais no corpo-astro do diabo.
Os silêncios suspiram arrepios. A testa torna visível os sulcos dos pensamentos na estética dos suores. Os nervos fazem percussões com o tempo da reza. Os crucifixos removem raivosos as sombras dos obstáculos. Tremores eriçam os cabelos dos horrores. As melancolias anestesiam os olhares perdidos nas convicções.
Quando termina a súplica a televisão liberta os anjos assombrosos e o diabo faz sua cama no espaço.
Muitas vezes durante os sonhos pronuncio o nome de Deus).

DISSECAÇÃO (AS POESIAS TOMBAM NO PISO DA NOITE EM...

...ORAÇÃO minuciosa que retrata as agonias do cadáver do amor.
Os ares das inspirações fecham as janelas dos ventos. Buscam as distrações no bisturi, na anatomia da amnésia, nas mortes que fedem merdas do tempo.
As paredes puxam o olhar. A febre retira cachoeiras de pedras dos sonhos. Surgem dos espectros desmembrados das poesias as trevas em formas de passamentos).

ÚLTIMA APRESENTAÇÃO (OS SENTIMENTOS QUE ME CONDUZEM,...

...ORAÇÃO, são palcos giratórios. Doses de bebidas mancham as flores com batons.
Quando a cidade ressuscita as portas, as coxias, meu coração navega em alta velocidade.
Encontra nos portos dos movimentos as máscaras, as cenas e os textos dos anjos, meretrizes, bêbados e poetas.
O coração incendeia o oceano da noite. A lua vira brilhos do calor que afunda nos peitos das vidas, aplausos e vaias, os punhais dos prazeres).

domingo, agosto 01, 2010

CINEMAS POLIMORFOS (SINTO O LADO SUPERIOR DOS MEUS OLHOS RETIRAR DO...


...OÁSIS lágrimas fantasiadas de saudades. O tempo projeta nas noites as imagens das brincadeiras, das cidades visitadas, dos projetos amotinados.
Os momentos fazem uso das superposições. Confundem as mãos dos instrumentistas das orquestras dos destinos.
As lágrimas desafinam as fantasias quando o coração, sedes e miragens, determinam o fim das saudades.
As noites, então, desligam os projetores. Embranquecem as telas dos cinemas. Ainda insisto nas permanências.
Quando os momentos incendeiam o cais sinto desejos por uma mulher que seduz, sob luz negra, o lado inferior dos meus olhos nos ritmos embriagados das danças).

CENÁRIOS DE UMA SOLIDÃO MUSICAL (AO TER OS DESEJOS FORMAM-SE NO CORAÇÃO OS...

...OÁSIS. O amor me faz andarilho capturado pelas placas dos bares, pelos letreiros luminosos das boates.
Atravesso os oceanos dos quarteirões. Olho para o último ônibus que passa próximo do restaurante lotado de estrelas bêbadas. Olho as pernas assanhadas da puta triste, as trevas e as baratas da pastelaria aposentada nas fomes dos santos que oram nos altares das clandestinidades.
Os passos fazem percussões nas melodias noturnas da minha marginalidade. A cidade se abre às almas dos desejos transformando-me em transeunte, passageiro, freguês.
O amor pede carona à emboscada da loucura).

O AMOR NÃO SERVE PARA NADA (O CAMINHO QUE LEVA AOS...

...OÁSIS encontra nas avenidas os sinais doridos que deixam o coração na falsa aparência dos sentimentos que desprezam o amor.
Na careta da face a perda se instala. Ignoro o gozo que ainda escorre no sexo do futuro. Beijo o inesperado do encontro sem esperar indulgências. Minha boca se mancha de batom, abre-se à língua do prazer e fecha-se infeliz no silêncio das perspectivas.
A dor não foge dos escombros quando o amor volta ao avesso a morte. O amor não serve para nada além de plantar sonhos nos romantismos de Deus).

sexta-feira, julho 30, 2010

SANTO SACRIFÍCIO (NO PALCO DA RUA A NOITE ENSAIAVA AS...


...MÁSCARAS, cenas das mãos dos anjos que desciam ao corpo dos homens que duvidavam da proteção de Deus ao experimentar as matérias dos pecados. As cortinas se abriam no peito da cor vermelha. Os cálices de espermas esperavam os pães da eucaristia.
Passavam os ônibus sem destinos. Recrutavam multidões de persistentes mascarados que esticavam a noite quando interpretavam as carnes consagradas alumiados na frente e nos lados pelos faróis dos automóveis e por cima pelos holofotes dos ÓVNIS.
Os pecados respiravam as absolvições dos porres. Faziam penitências nas ruas obscuras que sustentavam no altar as impressões digitais do perdão divino).

ÓVNIS (OS OBJETOS VOADORES NÃO-IDENTIFICADOS PUXAVAM AO CÉU, SEM...

...MÁSCARAS, a caravana das estrelas. Ficavam iluminados, nas beiras das estradas, os desejos de amor dos abismos e patamares.
Do céu levei os segredos dos passos que conduziram olhares ao infindável.
Abriram-se as portas dos retornos. A eternidade ficou chata. A saudade introduziu melancolias nas estrelas.
Os ÓVNIS de cara limpa se misturavam aos objetos celestes. Refletiam na procura o zodíaco do futuro).

PILEQUE FEMININO (A MULHER DO OUTRO PLANETA - A.M.D.O.P. - RETORNOU COM ATRASOS DA PERIFERIA DA CIDADE ONDE BEBEU...

...MÁSCARAS de madeira, tungstênio, seda e caipiroska em demasia. Em determinado momento do nosso encontro, no centro da cidade da sedução ovniomaníaca, deixou-se possuir pelo sono. Retirou do encontro a correnteza dos abraços. Não se aguentando nas pernas A.M.D.O.P. cambaleou com a loucura destinada a cobrir os rostos em um trapézio de angústia. Fabricou ausência com a matéria-prima da espera.
Noites depois em tentativa malograda de me abduzir ela me ligou e marcou o reencontro no terceiro parágrafo da história).

quarta-feira, julho 28, 2010

LUZES MOLHADAS (O TELEFONE ME CHAMA EM SILÊNCIO. ESPERO O...


...TEMPORAL. Abro a noite na janela. O silêncio traz companheiros de buscas e lutas. Abro os armários do passado. Busco personagens da dramaturgia da solidão. Revivo os instantes das cenas vigorosas. Dito palavras de um projeto sonhado na arte dos desejos.
Os pôsteres nas paredes me fitam com olhos de intuições. Coloco no aparelho Stereo Sharp 3 em 1, modelo SG 220, agulha do desespero, o disco A Arte da Flauta, de Jean Pierre Rampal.
O temporal semeia em corpo os trovões. O silêncio faz parada na melancolia. Fotografa instantes felizes em que passo ao lado dos sorrisos dos amigos idealistas.
Estou pungente. O telefone continua calado e as luzes dos postes iluminam a chuva viva).

ÁLIBIS (SÃO OS MEUS ÁLIBIS A VIAS PÚBLICA E O...

...TEMPORAL quando os delitos, os crimes, os desalentos, as perdições e os abandonos acontecem nas proximidades da minha vida.
Enquanto as dores e as perdas tecem vendas, mantos, luvas e meias eu devoro pastéis de esquinas esperando a tempestade se amansar sob o semáforo que quando verde me coloca ausente; amarelo me abre o guarda-chuva; e vermelho me expõe às pessoas que passam nas janelas dos ônibus.
Os passos beijam os cansaços. Retorno ao meu quarto com os olhares fatigados. Sinto o provisório dos elementos das investigações, fugas, culpas e inocências.
A vida deixa manchas de farinha de trigo e gordura no próximo temporal).

REENCONTRO (A VIDA ERGUE AS MÃOS A CONSTRUIR ACENOS AO...

...TEMPORAL. Os adeuses se estabelecem nos prelúdios das saudades santas e pecadoras nos aconchegos dos lirismos aos corpos.
Coloco outro disco no aparelho Stereo Sharp 3 em 1, modelo SG 220, agulha no êxtase. Observo a capa e o sonho com as tatuagens de maçãs no meu espírito como se crismasse as vontades da fé com as discussões ímpias do corpo.
Os adeuses escutam Le Quattro Stagioni, de Antonio Vivaldi, concerto executado pela Orquestra Sinfônica de Berlim, regência de Herbert von Karajan. Concedem à saudade o reencontro com os objetos particulares, pessoais da alma, guardados nas prateleiras úmidas dos sons, dos pensamentos, dos contrários, das emoções).

segunda-feira, julho 26, 2010

BALADAS (OFEREÇO POEMAS AO INFERNO QUE, SOB OS LENÇÓIS DOS...


...SONHOS, enfeitiça-me o anjo rebelde: fecha os meus olhos. O portão range e um poema me acorda com sequiosos olhares.
Assisto televisão durante os comerciais da madrugada. Quando desfilam nas estrelas as calcinhas rasgadas na bunda busco barganhas com Satã.
Sinto o meu avô se movimentando nos degraus da escadaria da casa. Tenta me comunicar a eternidade cicatrizada no seu espírito. O sobrenatural me adormece na programação da TV.
A televisão e o sobrenatural me fazem transpirar contínuos suores. Quando enxugo os cabelos a toalha, diabólica, sobrevoa o quarto. Assusta os fardos da minha alma que escreve poemas de três oitavas com rimas iguais).

IGNORÂNCIA (ÀS PEGADAS SUJAS DE LAMA RETORNO MELADO DE...

...SONHOS a pisar nos passos da chuva nos esgotos entupidos da cidade. Constato a falta que sinto das vidas sem umidades que se ausentam nos percursos das miserações dos destinos nos bueiros catastróficos das enchentes.
Tenho o companheirismo dos pensamentos perpétuos, mas não compreendo o amor, a violência, a matematicidade do Espírito Santo, os ritos de iniciações gnoseológicas e outras palavras que me navegam na cabeça quando lanço as âncoras ao deserto.
Sei que a vida é breve, relâmpago solitário sem trovão).

DESCOBERTA (QUERO AS CERTEZAS DAS LOUCURAS DOS BRILHOS NOS...

...SONHOS, orvalhos. Quero engravidar a estrela agreste. As claridades mostram o bonito na residência do peito. Iluminam a vida sobre as vidas como se as transitoriedades dos movimentos morassem nos abrigos dos amores.
A alma da voz do corpo penetra saudades nos últimos diálogos dos beijos. Arrisca-se a alma da voz a virar lágrimas nos frascos das tristezas achadas.
Os sentimentos que trago no peito não se perdem no incógnito.
Quando a noite se aventura e se prolonga nos gestos da descoberta beijo o amor).

domingo, julho 25, 2010

AFETOS EQUIVOCADOS (O ÚLTIMO SOM DOS VENTOS DAS...


...JANELAS tem na vida o desejo aportado na espera que não dura mais do que o resto dos sorrisos.
Os barulhos não despertam o sono da humanidade. A rima da saudade leva os caminhos a destinos calados.
As sombras do silêncio apertam as mãos, beijam lábios em afetos equivocados.
Nos bares peço aos ventos que tragam corações ao invés de dobradinhas solitárias.
O primeiro som dos ventos das janelas tem na vida o desejo aportado no sorriso que dura mais do que o resto das esperas).

BALCÃO (POR MAIS UM INSTANTE DO SENTIMENTO ABREM-SE AS...

...JANELAS do abismo no terror do desespero.
Sou seduzido por estranhas ondas da morte. Tenho caveiras que me acompanham nos copos de cerveja. Quando quero acender o cigarro o fogo do inferno clareia o breu do coração cismado.
As asas escuras da morte pedem carona aos meus movimentos de vida quando quero beber doses incontroláveis de paixão.
Quero que o amor deixe de fazer vagabundagens no abstrato e venha desarmado de punhais).

FUGA (OS PERSONAGENS DOS MERGULHOS DEIXAM...

...JANELAS abertas, as luzes acesas e copos de água a velar insônias.
Uma mulher que poderia ser a minha tataraneta foge do céu pelas escadas do inferno. Não encontra no quarto perdido nas lembranças os personagens do lago que foram mergulhar sem fazer alardes nas águas do tempo.
As insônias aceitam o meu coração em claro. Mesmo morto de saudade engulo de 6 em 6 horas pílulas feitas de memórias).

sexta-feira, julho 23, 2010

O GUARDA-CHUVA (A LUA SE ESCONDE E AS...


...NUVENS abrem o guarda-chuva. As pedras de gelo são lançadas ao ar. Querem atingir as lâmpadas das máscaras e as instituições.
O guarda-chuva, quando ando sob as pontas molhadas dos mundos desnecessários, é o meu responsável protetor.
A lua reaparece grávida de fascinações. Sobe nos arcos dos viadutos como se tentasse praticar os mitos das brincadeiras. As nuvens, então, afastam-se das estrelas. Guarda-chuva fechado, a lua clareia fantasias: nos rostos crescem barbas de alumínio, nos corações germinam saudades de poliéster, nas cabeças chapéus automáticos de orvalhos).

FESTA (O PERFUME DO ANIVERSÁRIO ME AGUARDA EM...

...NUVENS no forno do fogão onde a fome encontra alimentos em pratos feitos finitos.
No Cinema da Madrugada, diversão televisual, dorme no sofá o corpo de minha mãe.
Canto Parabéns Para Você em silêncio. Bato palmas devagar. Trago olhos perfumados, melancolias diárias, dores mais bonitas do que sensatas, presentes para colocar reparos. Como e bebo em vigília a comemoração das paredes. Sinto medo dos discursos.
Minha mãe se levanta no meio do filme e apaga as velas do bolo infinito).

MUDANÇA DE CENÁRIO (VOU-ME EMBORA DO CINEMA COM AS...

...NUVENS dos meus pesadelos, personagens de uma solidão maior do que a tela. Atravesso suores, espasmos, gritos.
Saio do cinema pela porta do ônibus. Vejo a cidade misturada aos prédios.
Quando entro nas águas as dores sem suspenses atingem o fundo do lago).

quarta-feira, julho 21, 2010

DEZEMBRO (EXPERIMENTO AS BOTAS DAS...


...TRISTEZAS que a barba ainda não resolveu.
Choro sabores de melancolias que a Kibon ainda não transformou em sorvete lambido pelas línguas das quentes mecânicas dos cotidianos.
Derreto a alma em solidão com a pontal do punhal.
Furo as fechaduras e jogo as chaves para o alto.
Vôo até me perder no chão sem passos, portas das pegadas dos nadas.
De modo nenhum alcanço os óvnis. Sou mentiroso e poeta quando encontro estrelas que se movem no céu das mãos.
Pretendo uma máquina de escrever misturada ao Microsoft Office Word. Quero colocar letras nos sopros, palavras nas dores.
Insisto em deixar a barba ficar branca e, em Dezembro, retornar ao ventre alienígena de Papai Noel).

HIPNOSE (SÃO SUGESTÕES AS FORTALEZAS DAS PAREDES NAS...

...TRISTEZAS: não me deixam ir às ruas conversar com os desejos urbanos.
Meus pés fazem círculos na sombra do peito. Prometo encanto, fascínio e alegria quando o amor me acordar sem lástimas.
O corpo dança na mente os ritmos dos gestos. Olhos incendeiam os castiçais. Tornam-se as brasas fascinantes das sugestões.
Retiro as mordaças dos pensamentos. Adormeço a soletrar orações).

OFERTÓRIO (O JANTAR ME SERVE FANTASMAS, ESPECTROS DE...

...TRISTEZAS, doses de dúvidas, portas fechadas e abertas, paredes sujas de memórias, dores no coração do desejo, saudades e cartas escritas nas linhas da virilha, mortes repentinas, culpas e perdões, distâncias, insônias progressivas, labirintos invisíveis, pensamentos líricos e torpes, tapas nos ombros e cálices de Coca-Cola).

segunda-feira, julho 19, 2010

ÔNIBUS (AO ESPERAR O TRANSPORTE DA FOME O...


...PONTO DE ÔNIBUS me cerca de vésperas. Faço parte de vitrinas arranjadas nos limites dos tédios. Uso faixas de liquidações, sorrisos de promoções. Carrego pacotes de vinhos nos copos das axilas. Tenho um enorme guarda-roupa que também funciona como óculos escuros em noites de estrelas dependuradas nos cabides.
O ônibus me recolhe na hora da partida. O coração fica no futuro a esperar nascimentos, a eternizar solidões.
Pelo retrovisor a cidade me olha em imagens de fogos, crueldades e artifícios de esperanças).

QUESTÃO DE SEGUNDOS (PARA SANGRAR AS LÁGRIMAS DAS PERDAS DESTRUO O OUTRO AMOR NA FACE DO...

...PONTO DE ÔNIBUS e nos gestos entornadores de vinhos nos olhos. Mataria um, dois, três, cem encontros desesperados dos amores irresponsáveis que atingem impulsos na hora do repensar.
Bebo as securas das inexistências em pedidos cheios de silêncios. Decido a vida em questão de segundos. Quando levanto-me das indecisões os amores e as guilhotinas levam meus últimos tempos para o tempo sem estações. E maquiamos os fósseis dos amores com mãos assimiladas ao sangue.
Sem conseguir o crime perfeito entrego a Deus a essência e a inocência do assassino).

POST-SCRIPTUM (ABSORVO AS DOSES DE SILÊNCIOS DEPOIS DO...

...PONTO DE ÔNIBUS. Sou torturado no mundo das dores imprestáveis. Abandono a sala das torturas como se saísse de uma casa de chás.
O sangue quebra copos e derrama os líquidos da sensatez. Convive com traumas sem curas espalhados nos arredores das memórias.
Tenho braços esmagados, pernas violentadas, ideias ultrajadas. Prossigo lúcido e mudo.
Quando a noite alta deposita as outras dores nos cofres das dívidas escrevo as cartas com os perfumes das putas).

domingo, julho 18, 2010

FLAGRANTES DA VIDA REAL (OS CAMINHOS DAS...


...MEMÓRIAS me conduzem aos depósitos dos poemas escritos com a intenção do grande amor de amizade.
O tempo dispersa os encontros. Banaliza as paixões apreendidas. A vida do poeta busca o tempo futuro embriagando-se com o elixir da longa vida feito de retenções fotográficas.
Minha mãe usava uma camisola de retalhos quando ouvia os barulhos do filho a abrir as grades das prisões silenciosas.
Os trajetos me fizeram despedir e escapar do mundo repetidas ocasiões sem registros.
Os poemas acumularam-se no coração.
Depois das grades os outros silêncios são as ruas, ventos presos na liberdade).

NOVO CONTINENTE (DESCUBRO AS MARCAS DA AMÉRICA NAS...

...MEMÓRIAS tatuadas no rosto quando prolongo a vida até as margens das noites.
No balcão da solidão os homens do novo continente nutrem esperanças viciadas em tédios.
Vejo meu rosto no rosto dos meus companheiros debandados. Muitas vezes já morreram nas execuções das respostas.
Os territórios das emboscadas constroem virgindades no pouso das caravanas. As terras fecundas de filhos alucinam o povo a muitas estrelas do fim.
Da América herdo a vontade de chorar, o respeito profundo pelos meus irmãos, o rio banhado com sangue, a força que fascina o olhar, o dragão queimado de sol, o atestado de óbito do ditador e a solidão que desenterra cemitérios).

HORA DO MERGULHO (O PASSADO RETIRA AS ROUPAS DO AMOR,...

...MEMÓRIAS que rolam no chão das viagens. Beijam os lábios do tempo. Os laços das mãos dadas protegem os imprevisíveis desejos das loucuras de se darem nos momentos iniciais das paixões ressuscitadas.
Nos corpos há nascentes dos rios que descem pelas ribanceiras dos movimentos. Seduzem as permanências que se entregam ao homem que sou como pêssegos que se entregam às fertilidades das primaveras.
Desafio as purezas a sobreviverem em combates de recordações. Meus banhos tem pernas de mulheres. Espumam os momentos finais das vastidões.
Na hora do mergulho, o lago fecha os olhos com dez mil rios de sussurros).

sexta-feira, julho 16, 2010

SALINIDADES (QUANDO A MORTE CESSAR DE CORROER OS TEMPOS DOS HOMENS E DAS...


...PAREDES, dos animais e dos vegetais, as criações ficarão fluídicas nas mãos minerais dos artistas.
Faleço no decorrer dos dias como se as vidas e as laranjas bebessem vodka sem querer.
Imagino os roteiros das procriações a se defrontarem com os momentos inesperados das vidas.
A morte me domina. Assusta-me com promessas de eternidades às estátuas de sal nascidas nos desenfreios das vidas.
Uma noite ainda percorro os caminhos descritos nos olhares das paredes).

CONSEGUINTE ÀS INVENÇÕES DA POESIA (SEMPRE QUE O MAR TRANSBORDA NOS ASSUNTOS E NAS...

...PAREDES esqueço livros nos balcões dos bares e guarda-chuvas nos bancos traseiros dos táxis.
Quando conto ao taxista a história do amor entre a moça do escritório das flores e o rapaz do depósito de parafusos e dobradiças os sentimentos criam raízes no coração. Retorno às casas das nascentes. As solidões realizam nas estradas festas de orientes próximos.
Sempre que o mar transborda no sol nascente a poesia inventa a embarcação que sobrevive nos naufragados).

AVENTURA (OS CALENDÁRIOS PARALISAM AS NOITES EM...

...PAREDES mofadas. Resolvo as lembranças propondo à marcha dos astros a partida, e ao sonho o regresso.
Ouço as músicas das trilhas sonoras dos filmes sagrados e observo as formações das precipitações atmosféricas quando os pés encurtam as distâncias compatíveis aos sons das cotovias do velho mundo noturno que fazem, nas antíteses das calmas, a fúria se compenetrar dentro da catedral.
Retornam as sombras das reminiscências aos penhascos, vértices e vórtices onde as paixões dominam o restante das noites).

quarta-feira, julho 14, 2010

PROCISSÃO EM HORÁRIO NOTURNO (O ÚLTIMO ÔNIBUS E A NOITE E A...


...SORTE desesperam sua chegada nos caminhos intricados das esperas sem objetivos determinados. Voam sobre os desejos dos andores os pássaros da madrugada a desalinhar as estratégias do céu.
Das velocidades saem os vultos que veneram os encontros. A noite é uma bifurcação no ponto mais bonito das estradas.
Vou desperdiçar o último ônibus e chegar ao desconhecido. A noite me seduz, e nos bolsos as mãos encontram as pernas em andanças nas poeiras do asfalto).

PELE DO ESCURO (OS VERSOS ME ESCAPAM COMO A JUVENTUDE E A...

...SORTE que deslizam nos rumos das marcas retidas no tempo da pele.
As memórias abandonam o país do peito. Certificam-me dos rios que não podem atravessar os espaços das mãos nos contatos com a vida.
As últimas noites não merecem as primeiras inocências, os porres desmesurados e os epílogos dos amores. Nas distâncias dos conhecimentos sou um velho caduco que transforma bicicletas futuristas em naves espaciais ultrapassadas.
Despeço-me do bar no rodapé, postscriptum das minhas cartas de amor. Os rios ficam maiores do que o tempo quando a saudade arrebenta a represa das lágrimas sem paralisar a importância dos sonhos nas noites que me atingem na pele e nos versos perdidos no eclipse total das estrelas).

ALVARÁ DE NÉON (DESGRUDO-ME DO PONTO DE ÔNIBUS COMO SE COMPARASSE MINHA...

...SORTE com a lógica dos horários dos fiscais da prefeitura que cobram propinas dos ambulantes irregulares e esquecem dos passos do alcaide.
Paraliso as andanças nas janelas das paisagens urbanas. A noite desencanta o sol, fere os catadores de farrapos de sobrevivências nas urnas dos lixos quando as prostitutas desfilam desejos maculados de desesperos, fomes, sífilis e AIDS.
O primeiro ônibus me recolhe entre o camelódromo e o mercado.
As paisagens continuam nos eixos das rotações. Trazem o dia e a noite como se as vindas do sol e da lua fossem promessas dos sacrifícios).

segunda-feira, julho 12, 2010

INSUFICIÊNCIAS (NAS PAREDES DA SALA DE...


...CINEMA as sombras são cercadas por cansaços sem pernas. Paralisam a vontade de atravessar os obstáculos dos caminhos das expressões libertárias.
The End.
Ligo a televisão.
Não basta a televisão acompanhar trajetos noturnos e o tempo preencher de fotografias as laudas diagramadas nos desejos.
As notícias chegam pelo álbum das estagnações das borboletas. Assim escrevo as vírgulas das paisagens amontoadas nas insuficiências dos descansos. A programação é um filme desgraçado que coloca legendas nas sombras que se apagam em duvidosas clarificações.
Desligo a televisão.
Prólogo: aguardo o desabamento das paredes da sala de cinema quando as sombras se revigorarem e os cansaços correrem a partir deste momento.
Adormeço guerrilheiro em luta contra o fim, armadilhas das lembranças).

APARELHO (ESCUTAVA AS PORTAS DO...

...CINEMA se fecharem. Germinavam estrondos. No interrogatório o vento era atingido pela fúria do torturador.
Do outro lado das portas fechadas, nos círculos irreversíveis do tempo, meu avô tossia a noite inteira. No outro dia ele se divertia, no almoço familiar, com as aguardentes que sobravam dos velórios.
Fechavam-se as janelas das igrejas. Iluminavam a escuridão com os reflexos dos vitrais.
As mãos se apertavam no rosto, pontas de cigarros acesos na pele, telas das comiserações.
No futuro do outro cômodo trancado o lago não terá condescendências com o torturador).

PODER DE CAMINHAR (PEREGRINO NA NOITE QUANDO A ÚLTIMA SESSÃO DE...

...CINEMA preenche meu peito de consciência. Assim ergo do invisível um tempo de andanças nos castelos de areia.
Abro as asas da madrugada. Multiplico o poder de caminhar. Vôo crucificado na mesa do bar que se fecha nas portas da ressurreição.
Das lutas que tenho no peito trago sorrisos desencabulados que muitas vezes durante as trajetórias se retiram da boca do espírito e vão dar à alma as estradas. Confiam às dores as utopias e os crescimentos das árvores).

domingo, julho 11, 2010

ORAÇÃO MENTAL (SOU DOMINADO PELO ESQUECIMENTO, PERSEGUIDO PELAS...


...RETINAS das últimas visões. Quando as relembro sou atropelado pelas incoerências contraditórias das imagens velozes. Sofro de amnésia esticado no chão do hospital de vidro, ausente de soros, comprimidos e injeções. Procuro a cura no lugar mais desequilibrado dos sintomas.
Quando eu era criança minha mãe desejou que eu fosse médium. Sou colado às telepatias do passado. Coloro as visões nos muros dos esquecimentos. Outras vezes meus olhos se reviram. Dançam nas esquinas do coração as músicas projetadas nas telas brancas das premonições).

BOAS RISADAS (ESCREVO OS CONTEÚDOS QUE A VIDA ME RETIRA DAS...

...RETINAS. Quando sou óbvio as gargalhadas são sentinelas que protegem o entra-e-sai de tantos amores desaparecidos na área perigosa da paixão.
Falo muito quando desligo o gravador sem fita, quando bebo vinho sem fazer charme e quando quero arrebentar o óbvio em uma sequência de mistérios.
Rio de janeiro, de fevereiro e de mim mesmo. Passo ausências no pão sem manteiga que endurece o tempo no interior do saco plástico do super-herói de brinquedo).

RITUAL (A HÓSTIA DO TRABALHO PENETRA NOS VINHOS,...

...RETINAS, súbita como um trovão sem relâmpagos. No deserto das muitas estrelas divago reflexos no mundo do meu país.
Deixo-me ancorar na perda das noções das horas. Na eucaristia, sede devora imagens. Persegue as poesias das comunhões.
O deserto profissionaliza meus sentimentos e miragens. Passeio na floresta dos crucifixos. Coloco as hóstias nas bocas mascaradas dos prenúncios.
Dos pressentimentos faço ofertórios em forma de milagres. Quando o trabalho me embriaga, o cansaço vem ninar meu coração. Canta músicas retiradas dos repertórios sem calendários).

sexta-feira, julho 09, 2010

LUA CHEIA DO BORDEL (QUANDO OS PASSOS PROCURAM AS...


...FANTASIAS dos silêncios o mundo encontra os movimentos do tempo em um samba de bolero. O tango se inicia avermelhado no coração dos amores.
Os palhaços se embriagam com as alegrias das lantejoulas dos bares, palcos e camarins. Os batons sorriem de amores às transitoriedades. Faço cavernas dos meus desejos.
Experimento o corpo e o coração das prostitutas. Sob a lua cheia do bordel ofereço fumaças aos beijos, estalactites às grutas.
Arrebentam os silêncios as baterias do samba, as guitarras e castanholas do bolero, os tambores do tango).

PÂNTANOS CARNAVALESCOS (CAEM AO CHÃO AS MÁSCARAS DOS PERSONAGENS,...

...FANTASIAS que abrem o epílogo das preocupações sem rimas românticas. Na queda, as imaginações ficam nas agonias dos finais das realidades.
As fantasias, abre-alas dos desfiles que atravessam meu viver contraditório, buscam matar a fome. Deixam nas barbas do destino beijos de purpurinas caducas. Desmoronam os sonhos crucificados nas realizações do tempo.
Ainda tenho estampas de alegrias que viram as noites pelos avessos. Salvam os outros momentos que juram fidelidade às lembranças. Para não me afundar nas fraquezas do chão movimento-me no desmoronamento das construções.
Levo flores aos cemitérios. Adulo os meus túmulos. Reconforto no peito de pedra o coração propenso à falta de vigor da eternidade).

FOME E DOR (CÚMPLICE DA FOME INSTALO NAS PERMANÊNCIAS...

...FANTASIAS e grãos de vitaminas que escorrem ao lado das lágrimas nas ribanceiras da dor.
As instalações, fenômenos e escorregamentos, acontecem no coração dos amores que são distantes como as realidades são das miragens.
Nos vazios das misérias sem perspectivas de reinos a noite reflete um espelho estranho carcomido pela fome, corroído por olhares cegos às lâminas das ferrugens.
Nos banquetes dos rituais os mascarados entornam braços e pernas nas semeaduras das devassidões).

quarta-feira, julho 07, 2010

PAI ETERNO QUE ESTAIS NA ZONA (TENHO AS ROUPAS DA INFÂNCIA DAS...


...HORAS guardadas no Pai eterno que chama de profano a imagem do céu. Assinala nas procissões os prostíbulos da liberdade e as prisões das filhas que se engravidam de noites.
Fito o abstrato da paisagem vermelha riscada no teto como se bebesse a paixão em estado selvagem. Lembro-me dos olhos infantis que desejavam enxergar as imagens dos demônios que ainda incitam Deus.
Nascem, dos momentos em que a vida me repete, outros desejos que me unem às contemplações. Fogem do peito os segredos das chaves trazendo eterna tanta nudez que usam os andores das rezas, passarelas das seduções.

SINTO-ME FELIZ (INVENTO NAS...

...HORAS culpas de níveis superiores àquelas relatadas nos sentimentos dos divãs.
Estou morrendo de culpas. Sinto-me feliz na noite que de tanto minha amiga já não me confunde ou me culpa com paixão.
Estou querendo difundir no deserto o romantismo besta que há no sexo das procuras ilegais.
Morro sem importância. Cultivo as prorrogações com sinceridades. Acredito em um século de respiração me trazendo o oxigênio, indispensável à vida, catalogado nos extermínios incolores, inodoros, insípidos das eternidades.

COROAÇÃO (APROXIMA-SE EM QUIMERAS AS...

...HORAS que me procuram e me arrebatam como se as predestinações fizessem a coroa da minha cabeça chamando os sentimentos de reinos.
Cercam-me as horas e os perigos da solidão que não comemora aniversários por se sentir possível ao tempo da noite.
As horas e os espelhos dos momentos e reflexos andam nos corredores da casa. Seguem os corações voluntário dos espíritos.
O espaço entre o nascimento e a consciência detona os relógios. Anuncia à falta de mundo as horas que se rodeiam de presságios: sombras que ninguém vê nas expressões tatuadas dos devaneios.

segunda-feira, julho 05, 2010

ESPERA RALA (A VIDA ME SATISFAZ NAS PORTAS CÍCLICAS DAS...


...TEMPESTADES das esperas. O tempo causa a morte. Espero a chegada do tempo e as faces da primavera. Momentos em que aprendo a conversar com os calendários dos silêncios.
Espero a barba crescer com a paciência de quem procura espaços na vontade múltipla de amanhecer.
Convivo com dias, semanas, meses, anos. Sento-me nas pedras altas e contemplo as paisagens. Atravesso nuvens manchadas de lamas. Os meus sapatos ficam sujos feito as estradas no interior das matas selvagens dos depósitos de lixo.
Espero a morte, a mulher que se ausenta, as contradições, a vida. Também escrevo ressurreições inutilizando a verborreia dos propagadores de doutrinas).

BAIXARIA (COMEÇO A MENTIR QUANDO O TEMPO DEFORMA...

...TEMPESTADES e as memórias colocam-me nos hálitos das loucuras. Perco os sentimentos nas nuvens das estradas.
Não possuo sofrimentos que me enterram nas covas dos desesperos. Busco nas mentiras perdoar Deus por ter baixado tantos sonhos impossíveis nas cabeças sem juízos.
Não desejo as justificativas que limpam as vidas mentirosas, envelhecidas nas minhas expressões de idílio. Minto como os últimos suspeitos, os necessários vilões das histórias sem policiais, os irremediáveis desfechos das novelas açucaradas.
Por todos os lados as mentiras me possuem. Esqueço as compreensões adquiridas. Abaixo o nível do meu inconcludente Registro Akáshico).

NÃO SEI PARA ONDE VOU (ESTOU INDO EMBORA SOB OS LUARES DAS OUTRAS...

...TEMPESTADES. Quando a lua vence as nuvens e retira do céu o temporal envolvo-me com garrafas de morangos azuis.
Não sei para onde vou, mas sei das compreensões que tenho de derrotar até tornar a lua a mensageira insubmissa dos amores silvestres que tecem vestígios da paixão na liberdade.
Antes de me encostar no balcão dos avatares chuto tampinhas pelos caminhos. Distribuo os morangos azuis pelos olhares selvagens que exalam das noites de sexo. Busco cobrir as impressões nudistas da forma humana não deixando reflexos mercantilistas na lua).

domingo, julho 04, 2010

EXPLOSÕES (ACEITO, NOS PRECIPÍCIOS DOS VÔOS, AS POÉTICAS DA PALAVRA...


...PRAZER ao gozar dentro da mulher. Os seios me alisam o corpo. A língua lambe o caralho. Devolve-me gemidos de amante louco que necessita das explosões ao alcance das vidas.
Mulher que eu chamo de loucura na explosão do prazer. Palavras e gozos que lavam as lembranças nos ímpetos dos berros.
Atraído pelos silêncios consinto a outras palavras amores quando o prazer repousa nas marcas que tenho da fome).

HORIZONTES E LIMITES (ADOEÇO NAS PERGUNTAS QUE FAZEM BARULHOS NO...

...PRAZER do amor machucado. Não desejo me contentar com feridas e cicatrizes que hospedam dores nas lembranças vinculadas ao coração do doce pássaro do tempo.
Nada sei sobre respostas. Muito menos sei sobre esquecimentos. Confundo o que virá com o que nunca veio. Meus olhos mergulham inchados de tanto feridos com horizontes e limites.
As paredes aladas curam como se as sombras compreendessem as noites que derrubam aos pés sonhos que ainda restam na minha cabeça de romântico).

METRÔ (DOS GRITOS TENHO MÃOS COMPREENDIDAS NO...

...PRAZER a desvairar o penteado. Penteio os pelos das filhas dos apóstolos que procuram os seus pais na festa de pentecostes. Incerto, nada tenho de lógico.
Por horas e horas fico em silêncio. Apanho no ar, na descida do Espírito Santo sobre os apóstolos encontrados, os reflexos dos gritos.
Raios oníricos me adulam nas intoxicações da morte. Meu olhar de ser humano amador não assina testamentos. A tempestade das misérias é o paralelo dos caminhos gravados na mente do coração.
Faço digressões sem perder as noções dos rumos dos cantos inúteis. Permaneço no vagão abstrato a contrariar o silêncio, mesmo sentindo a falta da festa submersa nas ruas, nas convicções dos gritos).

sexta-feira, julho 02, 2010

O MESMO PAI E O OUTRO FILHO (A FEBRE ESTIMULA O SUOR DA...


...CALMA a descer no corpo da ausência. Banha-se com delírio no vazio perpétuo do destino incontinente.
Tremo. O frio que se desencalha nas entranhas das nuvens suja-se com as cores da morte. Imagino no espaço a hora da guilhotina a decepar o pescoço da ressurreição.
O oceano é a qualidade do deserto, o mesmo pai e o outro filho que dançam tempestades na convivência do homem com o verme febriculoso.
Nas pernas grudadas no calor dos pelos converso com o suor encharcado de sussurros. O suor quer devorar a pressa das estrelas na paisagem do espelho que me fecha na sala de jantar entre lençóis, talheres e resistências).

BREUS (INDETERMINÁVEIS OS REGRESSOS DA ESCURIDÃO, DO VENTO E DA...

...CALMA. Caminho na noite que me conduz ao íntimo das poetizações. A escuridão difunde os medos, as frustrações do mundo desligado das luzes. Perco a noção dos equilíbrios e os capítulos finais das novelas elétricas. Mergulho no colo da noite ao encontro das insônias que acendem as lâmpadas mumificadas.
Afasto-me, no escuro, do quarto que me oprime diário no chão das desaventuras.
Corro do tempo nos labirintos da escuridão. Defronto-me com madrugadas fortalecidas pelas ventanias das criaturas amantes dos breus).

OCEANO FEITO DE JORNAL (ABRO AS JANELAS DA SALA. DEIXO A...

...CALMA e o vento levarem o cheiro das tintas, linotipos, memórias apodrecidas nos jornais das mãos impressas nas permanências que afincam letras nos desesperos do coração.
Deixo-me só nas travessias das ventanias que conduzem as publicações em barcas sem passeios. Lavam-me com o sangue inesperado.
Perco o rumo centenas de vezes nas noites.
As águas me conhecem em estranhamentos desprovidos de palmas de mãos. Tenho bússolas apanhadas no naufrágio das estrelas e nos desertos do peito diagramado da solidão.
Em cada espaço me sirvo de sons, palavras, frases, pensamentos penetrantes no ar das minhas permanências no chão recortado de uma foto, momento de estimação).

quarta-feira, junho 30, 2010

PESSOA AÉREA (RESPONDO AS CARTAS E AS...


...NOTÍCIAS que o silêncio me envia. Abro a coragem de permanecer. Flutuo quando o lago serve de pasto para as feras. Mergulho quando o chão presta serviços às águas anímicas.
Das raízes, velocidades e portos vêm os vôos aos mergulhos. Observo as paredes das respostas. Brinco de telepatia com o coração das memórias.
Quando os relâmpagos prenunciam a tempestade retorno e pouso. O silêncio janta solidão. Deixa os ossos das distâncias fulminarem a fome das feras).

INTRUSOS (A SOLTAR RUGIDOS NOS QUARTOS SEM...

...NOTÍCIAS dormem os intrusos. Escrevo a distância que separa da infância os meus primeiros anos de noite. Os intrusos são bêbados, gritos e risadas.
Tenho medo dos olhos fechados quando acendo as luzes e jogo as pedras catadas no tempo impreciso das dores na face dos intrusos.
Nos instantes de revoltas penetro-me no silêncio. Desfaço as orações e os sonhos dos intrusos. Acompanho os sentimentos nas viagens do sangue).

LETRA FEIA E RUIM (SAIO A ARRISCAR PROFECIAS FEITO...

...NOTÍCIAS registradas na cabeça. Eu seria sorrisos não fossem os caminhos mortos que sobrevivem nos instantes das palavras nos reencontros.
A minha letra é feia e ruim e amo as putas perseverantes. Falo em reticências. Não consigo escrever a inocência feita de horóscopos).

segunda-feira, junho 28, 2010

TRILHA SONORA DAS CARAVELAS (SINTO O INSTANTE EM QUE O SONO VEM ME LEVAR À...


...CÍTARA. Entro nas melodias sem que os olhos estejam abertos diante do lago parecido com rio, oceano e lucidez.
Apago o cigarro no cinzeiro do desconhecimento. Arrasto ao íntimo as perguntas dos místicos navegadores em deleite com a morte.
Os movimentos que executo no tempo do sono nos mergulhos dos músculos das travessias não me conduzem ao cais dos cansaços. Distante me tornam as águas das calmarias lúcidas.
Com fundo musical evidencio a chegada do sono sob os três mastros de velas bastardas).

SOMBRAS DAS ASAS (VÔO NO ESPÍRITO À ALMA DO TOCADOR DE...

...CÍTARA ao compreender a minha participação nas partes do ofício humano.
As nascentes dos mistérios têm sinais nos vôos que cruzam silêncios nas maneiras como olho para a noite estabelecida das prostitutas das claridades.
Os seres celestiais descem ao inferno. Voam com as novas asas das vitrinas. Buscam nos copos de uísque os sinais das chagas perdidas no corpo da esperança humanizada.
Reviro pedras e nuvens quando vôo no sentido das fábulas antiapologéticas. Sinto nas asas as andanças das coxas seminuas das prostitutas vestidas de poesias.
Ando a voar sem destino sobre os balcões derramados nos altares. Pouso nas criaturas possuídas pelas cordas das quimeras noturnas).

PENSÃO (O SOL ADORMECE O ESPÍRITO. DEIXA-ME NO INTERIOR DA...

...CÍTARA tocada nas andanças. O sol, hóspede da noite, é o meu corpo cálido e moreno nos espelhos da pele envolto nas almas dos vulcões, íntimo dos músculos e das incúrias.
Ardem os fogos nos silêncios das madrugadas passageiras. Coloco-me à disposição dos pensamentos das sombras.
Os reflexos do sol instalados na escuridão deixam a noite iluminar as paredes que descansam no leito dos desejos.
Sonho as histórias dos meus livros alojados na imaginação do futuro. Procuro o descanso. Medito sobre os exercícios dos músculos na pensão dos devaneios em formas de amores).

domingo, junho 27, 2010

DEUS EXONERADO (MESMO LARGADOS NO...


...SILÊNCIO os cartazes de filmes, as cartas das poesias, os itinerários dos voluntários, os sopros musicais da voz da cantora e as noites, princípios das iniciações místicas, são os segredos das horas das paixões.
Os confessionários das portas dos banheiros realizam revelações a carências barbadas. Ouço o coração bêbado triunfar sobre o índice oficial da mortalidade. Abro os cartazes, leio as cartas, caminho e me emociono, fito espelhos. Os acontecimentos do amor são os súbitos da vida dos pontos de partidas.
Das funções que ainda me restam acompanho os retornos humanos às condições de funcionários).

LUGAR DO ESPETÁCULO (DORES DESNUDAM A PARTE MAIS FRACA QUE CONVIVE NO...

...SILÊNCIO com os holocaustos nos bosques da existência. Levam-me aos braços dos deuses como se eu vivesse em praça de Atenas tecendo máscaras que choram e sorriem perplexas.
O corpo se arrepia quando falam os desejos de viver. O cheiro das lágrimas penetra nas dores em perseguições aos amores durante o tempo das estações.
Os adeuses me vigiam com sacrifícios desesperados. Ardem nas imolações nas rodovias das ofertas.
Os mistérios dilaceram as poéticas da minha parte mais fraca. Fazem escuridões durante a nudez que me habita.
Na cena dos holocaustos me fantasio com a máscara de Édipo).

CARTÃO DE CRÉDITO (JOGO FORA TANTA SENSIBILIDADE DE DIVÃ, TANTO...

...SILÊNCIO e melancolia, tanta pureza despreparada. Não tenho cartão de crédito para entrar no inferno. Questiono o céu, suas portas encostadas na fechadura das correntes.
Rezo para comprar muito bacalhau importado, litros e litros de Aquavit, aguardente de origem escandinava. Quando conseguir meu carro último modelo mando a solidão à puta que a pariu.
Quero consumir os produtos da indústria cultural. Montar o altar das rezas com velas procedentes do Rio Ganges. Com o código de segurança dos iluminados cartões de crédito adquirir livros tântricos sobre a Roda de Samsara.
Quando o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) atravessar meu coração estarei pronto para virar árvore de Natal, ninho de coelho de Páscoa, mãe das gôndolas de supermercados, comerciais de perecíveis, liquidaçoes de sex shops).